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Influência do clima não permite aproveitamento de cotações históricas do ano


O clima foi o principal vilão da agricultura gaúcha no ano de 2020. Iniciando com uma estiagem que trouxe perdas de 30% no milho e 47% na soja, os produtores viam no trigo um alento para a lavoura. Entretanto, a geada na segunda quinzena de agosto e a falta de chuvas em período crítico da cultura reduziram em um terço a expectativa de colheita. E, agora, iniciando um novo ciclo de verão, esta mesma falta de chuvas já traz prejuízos para as lavouras de milho.


Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, em um ano de valores acima da média, o produtor gaúcho não conseguiu aproveitar a equação de bons preços pagos pelos grãos e alta produtividade. Na nova safra de milho, que estava sendo implantada, a estimativa é de uma perda de até 50% da produção gaúcha. "Se formos fazer uma média histórica, temos bons preços de produtos agrícolas, mas infelizmente não temos produção. No milho, temos cotações de R$ 80,00 a saca, mas poucos produtores têm produto para ofertar", destaca.


A expectativa fica por conta da nova safra de soja, que tem uma área plantada de cerca de 6 milhões de hectares na qual, conforme o presidente da FecoAgro/RS, o aumento, por menor que seja percentualmente, tem grande representatividade para a produção. A oleaginosa apresentou ao longo do ano preços históricos batendo acima dos três dígitos na cotação. "Tivemos preços extraordinários em todos os produtos. Na soja, a saca alcançou até R$ 160,00. Estes preços bons podem salvar muitos balanços do agro que devem ser divulgados nas próximas semanas", avalia.

No trigo, que havia uma esperança forte de recuperação no Rio Grande do Sul, com um aumento de área de 26% em 2020, também a ação do clima foi determinante para uma nova frustração. Pires lembra que o produtor investiu na cultura. "Devemos ter uma queda de 30% em relação à estimativa inicial. Iríamos produzir cerca de 3 milhões de toneladas na expectativa das cooperativas, mas este número deve fechar entre 2,3 milhões e 2,5 milhões de toneladas", salienta.


No cooperativismo agropecuário, o presidente da FecoAgro/RS ressalta que, apesar da estiagem e da pandemia, o sistema se preparou para um ano difícil. "O cooperativismo teve um ano interessante. Deveremos registrar crescimento de faturamentos das cooperativas não tão expressivos, mas com alta devido aos preços agrícolas, porém não tão exponencial por temos uma safra menor", explica.


Para 2021, o dirigente analisa que há uma euforia do agronegócio em relação à viabilidade econômica, pois a equação do custo de produção e perspectiva de renda traz um momento interessante para o setor. "A perspectiva do agronegócio como um todo e das cooperativas é boa, mas fatores externos como o clima podem prejudicar estas expectativas", pontua, acrescentando que cada cooperativa deve discutir na sua gestão a eficiência e a profissionalização. "Estamos indo para um mundo profissionalizado e no nosso setor não pode ser diferente", finaliza.


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