Queda da taxa de juros do Plano Safra 2018/2019 é considerada tímida
O Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019 anunciado pelo governo federal nesta quarta-feira, 6 de junho, em Brasília, foi considerado tímido pelo setor cooperativista em relação à queda nas taxas de juros. A redução ficou em torno de 1,5% em relação à safra passada. Para os médios produtores, com renda bruta anual de até R$ 2 milhões, o percentual ficou em 6% ao ano, e para os demais produtores em 7%. Já as taxas para os financiamentos de investimento ficaram entre 5,25% e 7,5% ao ano.
Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, em relação à inflação os juros poderiam ser menores, lembrando que os bancos já vinham praticando percentuais menores que os propostos para credores com pequeno risco e altos volumes, inclusive bem abaixo do que os juros do crédito rural do ano passado. “Isso é uma novidade no Brasil, porque talvez é uma das primeiras vezes que acontece, ou seja, os juros de mercado propostos para algumas empresas e, especificamente, cooperativas, mais baratos que os juros controlados do crédito rural”, observa.
Do total de R$ 194,3 bilhões disponibilizados para a safra, a frustração, de acordo com Pires, ficou por conta do valor para a subvenção ao seguro rural, de R$ 600 milhões. O dirigente reforça que houve um crescimento de menos de 10% na comparação com o ano passado. “A expectativa era de que fosse anunciado, no mínimo, R$ 800 milhões. O seguro rural é uma política pública muito interessante para o setor, pois é determinante até para o governo por se tratar de um bom investimento, uma vez que diminui bastante as prorrogações, os acertos de contas com os produtores depois quando ocorrem os problemas”, salienta.
Pires, no entanto, enfatiza que o valor anunciado para o Plano Safra é equilibrado. “O setor agropecuário foi muito demandante de crédito nos últimos anos, então, talvez tenha sido mais prejudicado pela seletividade do que pelo volume de recursos. Acredito que esse plano terá uma aceitação interessante no mercado por existir um período represado. No ano passado tivemos uma inflação muito baixa e um juro alto, o que represou um pouco os investimentos. Hoje, os investimentos de necessidade primordial terão que ser feitos nesses patamares apesar da expectativa de que os juros cairiam mais fortemente”, sinaliza.
Na questão da produção agrícola, o presidente da FecoAgro/RS destaca que nos últimos anos o Brasil teve um ótimo crescimento como foi apresentado no Plano Safra que em 26 anos houve um aumento de 240% na produção, com uma expansão de área de apenas de 60%. Destacou que este crescimento é mérito do setor produtivo como um todo. “O produtor é o elo mais importante dessa cadeia, tendo um papel decisivo. Ele deixou de fazer o mais fácil para fazer o certo. Hoje, investe em tecnologia. Isso tem dado muitos resultados positivos para o país, com aumento de produtividade e de importância como produtor de alimentos e de commodities. Nos últimos dez anos o Brasil vem a cada ano batendo recordes em produção agropecuária. Vamos torcer para que isso ocorra novamente na safra 2018/2019”, conclui.